Vai a tarde
Sozinho converso
Ouço a água, quero chuva
Vou ao poço
E de lá sai cristalina
E o meu interlocutor que chora
Porque ele é fundo
Caminho só pelas fabulas
Que me contaram
Pelos sonhos que construí delas
Caminho só porque para ti as palavras dizem outras coisas
Não tem vernáculo esse amor
O Amor se sente só
Para que falar?
Para negar a sorte de decidir só, de sentir hoje
Sem o amanhã desvelado,
E desmascarado enfim
Que o vernáculo se torna dialeto em mim
O dialeto da solidão
Por isso decido só
Com o aval da impermanência,
Ilusão querida é que a aceito
E fujo da tradução
E aceito viver só com o sonho da hora
em que a semântica se encontra,
E gozo como se essa hora fosse sempre
Amor é um caminho solitário
Ainda quando se é correspondido
Alívio este amor que é bastante,
Amor que não espera
Pra mim tuas palavras bastam
Teu cheiro basta
Teu corpo basta
E a mim não me basta pouco
Porque sou uma égua agreste e apaixonada
Meu coração é uma materia sem cobertura
Massa de sentimento sem lacre
Que vens a revestir com tua lírica forma
Única que o aquece,
Teu amor envolveu meu coração e o fechou com uma chave
Que ganhaste no céu
No dia em nossas almas nasceram
No fundo, meu cego e desprotegido coração estava sempre esperando
Mas só você o tomou nas mãos e o beijou
Meu único homem.
Como beija meus pés, minhas mãos e minha alma
E somente tua boca poderia alcançá-los
E como me amansas recostando teu rosto
Invadindo o espaço em que repouso,
Para respirarmos ternura
Como um bicho
E alimenta-me com a poesia de tuas palavras
Sexo torvador
Me entendes, amor,
Como humano
Mas ainda assim somos dois cavalos selvagens
Sábios cavalos de bravura
Com este amor doce e gratuito
Com esta loucura indomada
Que acalentamos com temperança e aceitação
Tu és minhaégide
Meu macho , Meu invólucro
E se contemplas o espaço em que sobro
Entenderás que somos somente candura
A pureza da fé que torna o eterno o poder de forjá-lo
Como um futuro que se constrói pela força da certeza que dele se tem
Fé que surge do pertencimento
Que sentimos como que por natureza
Somos forma e conteúdo
Mestres e discípulos
Pai e mãe e filhos
Tempestade e abrigo
Tu és o leito em que quero repousar todas a noites
Guardião do meu sono e dos meus sonhos
Ladrão eterno e incomparável de todas as minhas carícias.
Dono de todo meu desejo.
Meu.
Abro meu peito, se acomoda
Ele é teu, neste idílio, desde nascida
E então completa a roda
Desta dança, que chamamos vida
Assuma com desvelo ditoso
Pois este é seu berço, seu posto
E sendo assim, guardião cauteloso
Trarás honra à sua casa, seu repouso
De mim terá o sangue quente
Te aquecendo a pele, te acolhendo o riso
E ainda que por formas indeciso
Nunca terá dúvidas de que é amor a matéria que sente
E mesmo que por letras revele-se insano
Te prometo que palpitará meu coração sempre
Com a sinfonia que o amor apresente
A cada bom dia dizendo Te Amo.
Achei que era amor
Eram cartas de amor
Era intensidade de amor
Era verdade de amor
Mas no final era somente um sonho de amor
Sonho como muitos daqueles de quem só sabe viver na imaginação
Queria que me amasse como quem tenta compreender
Que me amasse como quem tende a gostar do que vê
Que me amasse como quem tende a amar
Mas não ama o presente quem vive do passado.
Quem vive da fantasia, quem vive no mundo dos doces sonhos azuis
E como se a imaginação não fosse bastante, para transformar as pedras da vida em degraus, insignificâncias, mãos dadas
Sobrou uma coisa, da preguiça imaginada, pura e simples tão sonhada, mas que é teimosa
A ilusão dos sonhos irrealizáveis
E a infelicidade de quem nega a imaginação que tem vida.
Amigos de alma
Conversa comigo
Porque pude te dizer todas as coisas que queria que parecesse
E no fim
Ouvi de ti apenas o que disse nas entrelinhas
E conversamos verdades por entrelinhas
Embora quiséssemos que parecesse
Mas aquelas eram linhas tão mais tênues
Que falavas no silêncio
Que escapava quando outra coisa tentava esconder
Mas eu te amo mesmo assim
Alias
Te amo, te amo bem assim.
Meu amigo.
Hoje
Eu só quero um afago terno
Um laço novo
Um pouquinho mais
Hoje eu só quero uma verdade calada
Uma mentira alada
E um pouquinho mais
Quero ter você no meu pensamento
Leve
E de vez em quando
Você um pouquinho mais
Até que se torne meu
Um pouquinho em mim.
Se queres ser delicadeza
Baila menina
Era tua força que estava gritando
Envolve serena esta espada
E tece com ela
O fio da tua vida
Mas doce
Baila delicada
Acolhe tua sorte em teu sorriso
Que baila elevado
Ilustre sorriso
Batalha tuas guerras
Mas permite
Com brandura
Seguir sorrindo
E Baila menina
Delicada
E erguendo-se firme na ponta dos pés
Enche o mundo de ternura
Aqui estou só
Tristezas
Carrego todas
As minhas e as tuas
Se quer saber bem quem eu sou
Cante a sinfonia do covarde
Sinto que ando na corda bamba
No limite entre o céu e o inferno
A um passo de fazer certo
Mas passo não dado é não passo
Sinto que sei do que posso
Mas penso e passo
O passo
Deixo pra depois
E enquanto o tempo passa
penso
Se dou passo avante
Ou se passo adiante
Hoje meus rastros fizeram sentido
E meus passos fizeram barulho
Não que não o fizessem
Mas hoje a tarde estava particularmente quieta
Não me sinto grande nem pequeno
Apenas interno
Inteiro
Ando por entre este asfalto e ouço a sinfonia do meu sapato soar
Parece que hoje não há vento
Nem passageiros
Somente meu carro segue a sorte por estas vias
E sou o que retorna estrangeiro
A este mundo onde sempre vivi
Vieste dos campos frios
Da mesa espaçosa dos insanos
Filosofa errante na mesa dos insanos
E lá, só lá é que esse encontro
Que nem sequer pensamos
Caiu em minha vida
Que pedaços carrega dos meus sonhos?
Irmãs não trazem sonhos
Hermana
Mas ajudam a sustentar o nosso sono
E assim, ainda que distante ha um tempo
É tão proximo alento
E se a vida se constroi de tijolos
É parte do cimento
Das minhas recordações
Retratos na parede
Muitos risos derramados
Escorridos
Derretemos em rir (tche do ceu)
Desaguei a chorar
E no tempo que me contrariava
Ainda quando lagrimas eu restava
Proclamavas tua sinceridade
Diante da minha entrega
Acordo outra vez incessante
Com meu riso tragando o ar
E relembro aquelas vezes que rimos juntos
Sofregos risos próximos do fim
Quando me aplaudia seu éter esvoaçando sobre meu corpo
Enquanto sedenta de tua pele me apresentava nua
Nua de todos meus poréns
Mas que, tão logo sua ausência, se alicerçavam novamente em meus pés como uma ancora
Distante a tua presença
Distante o teu aplauso
Após o abandono da certeza que o deleite me apresentava tão doce
Mas basta um sinal seu, marinheiro
E estarei eu a postos neste mar, barco errante
Livre de minhas ancoras
Esperando com a indelével certeza do seu amor.
Que sim, sempre tive, não há duvidas
E aquelas âncoras, imaginário longíquo
Por pouco não abandonado por inexistente
De uma tristeza que passou por mim e da qual apenas me recordo pela vaga lembrança
Dos inapagáveis momentos sem voce.
Não tenho medo
Mentira
E era apenas uma criança
Aqui
Perdida
Que ditava todo o meu compasso
Hoje eu nasci de novo
Como se nasce todos os dias
Mas me dei conta
E sou outra
Como uma criança que cresceu e ficou grande e nem se viu
Porque os dias foram simplesmente passando
Hoje tenho uma carne fraca
Mas uma mente forte
Os meus defeitos
Continuam todos presentes
Mas sei onde estão
Foi ontem
Que berravam na janela certas cores
Mas eu não queria ver
Saltavam aos meus olhos luzes
E no meu canto só
Fui me tornando um vaga-lume
Sustentado pela própria luz
E andava pelo mundo enfeitando a noite
Provendo tudo com minha eloquente ilustração
Com meu canto de cigarra
Doce e melancólico
Mas denso e profundo
Necessário
Então veio você, viço quente
E me deu a mão
E ficamos de mãos dadas por um tempo
E então todo um mundo apareceu na minha frente
Outras tantas coisas da vida
Tantas outras lindas cores
Que a mim, de súbito, tornaram-se pertencentes
E eu,
Um mero vaga-lume
Tornei-me estrangeiro
Onde está meu canto¿
Perguntou a cigarra
E nem havia espelho para me lembrar de minha própria luz
Acordei só
Num mundo completo
Cheio de pessoas
Procurando a sua aquecida mão no ar vazio desta galáxia tão grande e espaçosa
Onde este frágil e destemido vaga-lume veio a habitar
Lembro-me, tenho luz, e canto
E que a cada dia, mais quanto, menos pranto
Nem tanto menos
Mas mais canto
Cada dia mais canto
Desta cigarra chorosa
Dá-me o viço quente e gratuito que ele é meu manto
Dá-me o viço que, com teu calor, de vaga-lume posso me tornar sol.
Se sei algo de mim
É a dor que me corrói por dentro
O excesso de pensamento que me confunde
A incompreensão sobre as coisas do amor
A tentativa de fazer acontecer
Se sei algo de mim
Que me prove o contrário a vida
Mas acredito que a morte morrida
É daquilo que nunca se viveu
No mais
Sobram pedaços
Que sou eu
Que sinto por ti
Senão a densidade de caminhar
novamente por este rio
cuja margem conheço
deveras
e cujo leito me incitas a navegar
mas que pedras contém este fundo que te sustenta?
Inspira-me o conforto que em tuas águas calmas me aquece
A força com que assenta minha tempestade
Que pedia brisa e chuvisco
Mas se tornou seca
Chama sol de novo a tempestade
Que por já ter ido vem outra
Mais impetuosa e mais salgada
Pela água do mar
Mas vem desejando-te rio
sem tuas pedras
por onde escorre meu furor
e fica
impregnado de dor.
Ainda que eu fosse um anjo
Tal seria minha coragem de ser humano
Revoltas repassadas em meu quarto
Sorrisos soturnos aprisionados no meu sono
Quadrados cortados milimetricamente
Desejos guardados encaixotados
Seria sorte de ser um anjo
Que não guarda
Que enfrenta a própria humanidade
Dá-me coragem de ser humano
Liberto do medo do desprender das seguranças
Liberto da rede que tenho
Do que nem sei se desejo
Se é desejo de sorte que vem da
Instituição que sobra do medo
Aquilo que penso
Dá-me o que não posso saber
Quanto mais convicto.
Conheço de mim a fronte,
Que enfrenta.
A infantaria.
Conheço de mim a defesa,
Que faz forte.
O que devo ser.
O medo que torna o meigo vergonhoso.
É a minha história (geração e memória)
Conheço de mim o que vi
A que sou apta
E não gosto tudo.
Conheço de mim o que ama porque é forte
O que defende.
Que é por fora.
Mas conheço o que busco
A frágil e meiga
A mãe
Que cuida
E é forte porque ama.
Conheço de mim a revolta
Sufocada por amor.
Criada. (como todos meus símbolos)
A culpa pelo pensamento
Conheço de mim a angústia
Das horas em que “conheço” mais do que suporto.
Por dentro.
Conheço de mim a vontade da mulher
(que não existe), (amada como tal)
Conheço de mim o que busco
Porque não tenho e sonho
E por isso é bom.
Ainda que forte, errante
Ainda que brusco, tocante
Ainda que insano, real.
Amor.
Conheci de novo
E nem sei se queria tanto
Mas a tua ausência me deixou vazia
Me trouxe o medo
Me deixou sombria
Queria apenas tua presença
Aqui todo dia
Mas não sei viver de adulto
Não sei
Mas como eu queria
O que faço, hoje
Se não vens?
Escorro meus lamentos e me entrego a ti
Inteiramente
Toda minha insegurança
Queria poder gritar
e arrancar essa dor de mim como uma morte
mas no fundo
me sobra a angustia
tenho as armas ao meu lado
mas meu medo me consome
me mata
mata minha vida
corroi minhas armas
me denuncia
e sou ainda a triste Irma solitária
que sempre tem tudo e ainda não tem o amor
corro por dentro de mim
no meu tempo sempre adiantado
e analiso tudo
com estes meus olhos errados
errados?
As vezes são
Mas eles sempre me trazem a resposta buscada
Como se fosse premonição
E no fundo é só um presente
Deste meu medo que impera
Deste meu medo que age
Deste meu medo que sente por mim
Que vive por mim
Que ama por mim
Antes de eu mesma saber o que compõe este amor
Queria olhar para os seus olhos completa
Quente
Terna
Como aquele dia de sol na varanda
Como aquelas horas de silencio…
Tão contentes
Queria voltar àqueles dias em que não conhecia o meu medo
Em que não conhecia este pedaço de mim que tenho nestas horas
E que não sabes que depois se vai
Se me aqueces
Queria te amar todo o tempo
Como amo ate cansar
E o meu louco desejo é que esse cansaço não chegue jamais
Mas ele sempre chega
Porque sou sempre antes
Tempo
Quem te controla ansiedade?
Quem controla o meu lamento
O meu medo
Quem?
A sorte?
Conheci de novo
E nem sei se queria tanto
Mas a tua ausência me deixou vazia
Me trouxe o medo
Me deixou sombria
Queria apenas tua presença
Aqui todo dia
Mas não sei viver de adulto
Não sei
Mas como eu queria
O que faço, hoje
Se não vens?
Escorro meus lamentos e me entrego a ti
Inteiramente
Toda minha insegurança
Queria poder gritar
e arrancar essa dor de mim como uma morte
mas no fundo
me sobra a angustia
tenho as armas ao meu lado
mas meu medo me consome
me mata
mata minha vida
corroi minhas armas
me denuncia
e sou ainda a triste Irma solitária
que sempre tem tudo e ainda não tem o amor
corro por dentro de mim
no meu tempo sempre adiantado
e analiso tudo
com estes meus olhos errados
errados?
As vezes são
Mas eles sempre me trazem a resposta buscada
Como se fosse premonição
E no fundo é só um presente
Deste meu medo que impera
Deste meu medo que age
Deste meu medo que sente por mim
Que vive por mim
Que ama por mim
Antes de eu mesma saber o que compõe este amor
Queria olhar para os seus olhos completa
Quente
Terna
Como aquele dia de sol na varanda
Como aquelas horas de silencio…
Tão contentes
Queria voltar àqueles dias em que não conhecia o meu medo
Em que não conhecia este pedaço de mim que tenho nestas horas
E que não sabes que depois se vai
Se me aqueces
Queria te amar todo o tempo
Como amo ate cansar
E o meu louco desejo é que esse cansaço não chegue jamais
Mas ele sempre chega
Porque sou sempre antes
Tempo
Quem te controla ansiedade?
Quem controla o meu lamento
O meu medo
Quem?
A sorte?